5 mitos e verdades sobre intraempreendedorismo
Blog da Play • mar. 20, 2021

O conceito de intraempreendedorismo vem ganhando cada vez mais espaço dentro das empresas. Neste artigo explicamos os motivos e desvendamos alguns mitos que ainda rondam o tema.


A maior parte dos produtos e serviços que consumimos são fruto de uma mente empreendedora. Em algum momento, alguém teve uma ideia inovadora, lançou um produto ou começou uma empresa e viu seu negócio escalar até que se tornasse parte do cotidiano das pessoas. Uber, Netflix e Airbnb são alguns dos exemplos mais manjados, mas longe de serem os únicos. Para além das big techs do Vale do Silício, muito do que usamos e compramos hoje começou assim.


Por outro lado, uma ideia brilhante não basta para garantir o sucesso de um empreendimento, e muitos acabam ficando pelo caminho – derrotados pela falta de investimentos, equipe qualificada e uma infinidade de outros problemas.


E se essas mentes brilhantes não precisassem correr os riscos inerentes ao empreendedorismo? E se pudessem desenvolver sua visão inovadora sem abrir mão de seus empregos e empreender dentro das corporações em que já trabalham?


A boa notícia: isso não só é possível como trata-se de um movimento crescente. É o chamado intraempreendedorismo, que vem se consolidando como ferramenta importante para empresas que desejam implementar processos de inovação.

O termo surgiu em 1978, em um estudo de Gifford Pinchot. Mais tarde, em 1985, transformou-se no livro Intrapreneuring: Why You Don’t Have to Leave the Corporation to Become an Entrepreneur, que aprofunda o conceito.


O que é intraempreendedorismo?


Como o nome sugere, intraempreendedorismo é a possibilidade de um empregado ser empreendedor dentro da empresa, dedicando parte do seu tempo para observar tendências, identificar oportunidades, apresentar ideias e desenvolver internamente novos produtos, serviços, experiências ou até modelos de negócios – que podem ou não estar relacionados à atividade principal da organização.


É exatamente por incentivar, valorizar e apoiar a criatividade dentro das empresas que o intraempreendedorismo está diretamente relacionado à inovação corporativa. Por meio das ideias destes com perfil empreendedor as empresas passam a enxergar lacunas de mercado e possibilidades de melhorias para manter a relevância de seus produtos e serviços em um contexto em que tudo – inclusive as necessidades e as prioridades dos consumidores – muda o tempo todo.


E, se o cenário mundial passar por uma crise – em tempos de Covid-19, nada mais atual –, a inovação se torna ainda mais vital. Prova disso está no recente estudo da McKinsey, Innovation in a crisis: Why it is more critical than ever, que aponta que, em crises passadas, as empresas que continuaram investindo em inovação tiveram crescimento e desempenho maiores após o fim da tempestade.


Durante a crise financeira de 2009, por exemplo, organizações que mantiveram o foco em inovação emergiram mais fortes, superando a média do mercado em mais de 30% e continuando a apresentar crescimento acelerado nos três a cinco anos seguintes.


O estudo sugere que crises são como adrenalina para a inovação porque fazem com que barreiras que levariam anos para serem superadas evaporem em questão de dias.


Desafio imediato, portanto, é motivar as equipes manter o foco na entrega de novas fontes de valor com a maior agilidade possível. Ou seja, estamos falando em estímulo ao intraempreendedorismo.


Mitos e verdades sobre intraempreendedorismo


O conceito de intraempreendedorismo convive com mitos que limitam a sua abrangência. Há quem acredite, por exemplo, que a mentalidade intraempreendedora é privilégio das gerações mais novas e que apenas grandes empresas possam incentivar o empreendedorismo interno. Ou quem entenda o termo como sinônimo de concurso de ideias, o que está longe de ser verdade.


Neste texto explicamos esses e outros mitos que rondam o tema, bem como algumas verdades inegáveis sobre ele. Você vai descobrir por que, mais do que entender o que é o intraempreendedorismo, sua aplicação é tão importante.


 1. Intraempreendedorismo é coisa de empresa grande


FALSO. Em uma economia em que a única constante é a transformação, esperar que ideias inovadoras partam apenas dos altos executivos ou profissionais nomeados para esta função pode ser mau negócio. Para garantir um ambiente propício ao surgimento de novas ideias, o conhecimento precisa circular por todos os níveis da organização. E isso, acredite, não é um mindset exclusivo de grandes corporações. Startups alcançam altos níveis de inovação porque apoiam e aceleram ideias para resolver problemas do mercado.


Independentemente de seu porte, uma empresa que incentiva o intraempreendedorismo é aquela que dá liberdade e respaldo – inclusive de recursos corporativos – para seus profissionais usarem sua criatividade e capacidade de empreender em benefício da empresa, com autonomia e independência.


2. O intraempreendedorismo depende de uma cultura de inovação consolidada para funcionar.


VERDADEIRO. Para ser um intraempreendedor, o profissional precisa se sentir à vontade para propor soluções, sabendo que tem o apoio da empresa para pensar fora da caixa, ainda que suas ideias possam acarretar erros e mudanças de rota. Inovação envolve risco e empresas que têm uma cultura de inovação consolidada lidam bem com isso.


Por outro lado, o intraempreendedorismo também pode ser a semente para impulsionar a cultura de inovação de uma empresa. Ou seja, a relação entre intraempreendedorismo e cultura da inovação é mais ou menos como a do ovo e a galinha – um está diretamente ligado ao outro, independentemente de quem tenha vindo primeiro.


3. Millennials têm mais perfil intraempreendedor que colaboradores de outras gerações.


FALSO. Vamos lembrar que o termo intrapreneurship foi cunhado em 1985, quando a geração do milênio ainda estava nascendo e, portanto, nem sonhava com a vida corporativa. Em entrevista recente, o diretor do Global Center for Digital Business Transformation, Michael Wade, disse que um dos maiores desafios das empresas hoje não é contrapor os nativos digitais com os funcionários mais antigos, mas justamente integrá-los.


Intraempreendedores são profissionais com mentalidade inovadora, que buscam soluções, assumem riscos e enxergam oportunidades de negócios. É muito mais uma questão de postura do que de geração.


Em geral, os intraempreendedores têm algumas características em comum:


  • iniciativa;
  • ambição e orientação a metas e resultados;
  • capacidade de liderança;
  • pensamento inovador;
  • capacidade de resolver problemas por conta própria;
  • coragem para assumir riscos para impulsionar a inovação;
  • gosto por desafios;
  • disposição para assumir múltiplas tarefas mesmo que algumas delas estejam fora da sua zona de conforto;
  • capacidade de enxergar e interpretar tendências de mercado;
  • facilidade para identificar oportunidades.


4. O processo intraempreendedor precisa de budget e gestão específicos para acontecer.


VERDADEIRO. Intraempreendedorismo pressupõe processos e orçamento. Sem isso, não passa de um concurso de ideias e não pode ser chamado de intraempreendedorismo – nem considerado uma peça importante no processo de inovação.


Isso significa que uma empresa que queira incentivar seus profissionais a pensar de forma intraempreendedora deve oferecer recursos para o desenvolvimento dessas iniciativas. Esse desenvolvimento inclui desde pesquisa de mercado, estudo de viabilidade, provas de conceito (PoC) até MVP (produto viável mínimo) e realização do projeto. Neste outro artigo, explicamos como o design thinking pode impulsionar o intraempreendedorismo


Estabelecer horas semanais para que os profissionais se dediquem a essa atividade é outro ponto fundamental. Se depender apenas daquele insight incrível que temos quando estamos presos no trânsito ou daquela ideia genial que surge durante o banho, o intraempreendedorismo corre o risco de não sair do papel.


Frequência e consistência são tão – ou mais – importantes do que as ideias em si, e precisam fazer parte do processo. No próximo tópico apresentamos algumas empresas que fazem isso de maneira eficiente – e, não à toa, se destacam em seus segmentos.


5. Empresas que estimulam o intraempreendedorismo levam vantagem sobre a concorrência.


VERDADEIRO. Você sabe como surgiu o Gmail? Ele foi criado em 2001 pelo engenheiro Paul Buchheit para ser usado internamente pelos funcionários do Google. Paul observou os principais serviços de webmails da época, listou suas maiores deficiências – falta de espaço para armazenamento, interface confusa e lentidão para carregar as mensagens – e estruturou uma nova plataforma, que resolvia esses problemas, para ser usada pelos colegas de companhia.


O projeto deu tão certo que em 2004 foi lançado oficialmente para o grande público, e logo se tornou o serviço de e-mail mais utilizado do mundo, desbancando Hotmail, Yahoo!Mail e outros concorrentes da época.


É claro que sem a ideia de Paul Buchheit essa história teria sido diferente, mas uma (grande) parte do mérito se deve à cultura organizacional. Conhecido por incentivar práticas inovadoras, o Google tem uma política que permite que seus colaboradores dediquem 20% de seu tempo para trabalhar em projetos pessoais, não necessariamente relacionados às suas áreas de atuação.


Outro bom exemplo de intraempreendedorismo tem a 3M, que incentiva seus cerca de 96 mil funcionários a aplicar 15% da jornada de trabalho em projetos fora das áreas em que atuam no dia a dia. A multinacional, que gera cerca de 3 mil patentes por ano (de acordo com relatório de 2014), coleciona histórias de inovação já populares. A principal delas é a do Post It, que foi criado quase que por acaso, em 1976, por um cientista que estava pesquisando adesivos no laboratório da companhia.


Ao se deparar com um adesivo com uma caraterística bem peculiar – ele se fixava suavemente nas superfícies, mas não colava totalmente sobre elas – surgiu a ideia do marcador de páginas que viraria sinônimo de categoria nas décadas seguintes. A história completa da invenção e de como um coral de igreja serviu de fonte de inspiração (!) pode ser lida no blog da empresa.


Pois bem, você acha que Google e 3M estabelecem vantagens competitivas ao investir em inovação?


Como o intraempreendedorismo pode impulsionar a inovação


Não é exagero dizer que o intraempreendedorismo é muitas vezes o principal motor da inovação interna nas empresas. Afinal, é ele que incentiva a equipe a avaliar tendências de mercado, buscar alternativas, resolver problemas e usar a criatividade para propor soluções.


Mas a vantagem não acaba por aí. Empresas que estimulam o intraempreendedorismo têm mais chances de atrair, reter e motivar profissionais engajados e inovadores, que são extremamente disputados, principalmente quando mais e mais companhias percebem que inovar é requisito obrigatório para sobreviver em contextos que mudam em alta velocidade.


Quando mentes intraempreendedoras encontram empresas dispostas a investir em suas ideias, elas não precisam se demitir para tentar um voo solo (lembra do título do livro que deu origem ao termo? Intrapreneuring: Why You Don’t Have to Leave the Corporation to Become an Entrepreneur). É por aí.


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