O que é intraempreendedorismo e como incentivá-lo
Redação Play • dez. 08, 2021

Intraempreendedorismo é uma estratégia cada vez mais utilizada por empresas que querem estimular a inovação internamente. Neste post, vamos explicar o que significa esse termo, por que ele está diretamente ligado à inovação e como empresas de todos os tamanhos e setores estão dando exemplos de como estimular a capacidade intraempreendedora de seus funcionários.


O que é intraempreendedorismo


Intraempreendedorismo é – literalmente – a possibilidade de empreender dentro de uma empresa. Na prática, significa criar um ambiente em que os profissionais se sintam incentivados a pensar e agir como empreendedores dentro da empresa em que trabalham. 


Uma empresa que estimula o intraempreendedorismo permite, por exemplo, que seus profissionais tenham autonomia e liberdade para dedicar algum tempo de trabalho para observar tendências de mercado, identificar oportunidades, apresentar ideias e até desenvolver novos produtos, serviço ou negócios que podem ou não estar relacionados à principal atividade da corporação.


É exatamente por incentivar, valorizar e apoiar a criatividade dentro das empresas que o intraempreendedorismo está diretamente relacionado à inovação corporativa. Por meio de ideias oferecidas por esses profissionais com perfil empreendedor, as empresas passam a enxergar lacunas de mercado e possibilidades de melhoria de processos, produtos ou serviços para manter sua relevância em um cenário em que tudo muda rapidamente, inclusive as necessidades e prioridades dos consumidores.


Conceito de intraempreendedorismo


O termo intraempreendedorismo – ou intrapreneuring, no original em inglês, surgiu em 1978, em um estudo do americano Gifford Pinchot e sua esposa Elizabeth. Mais tarde, em 1985, transformou-se no livro “Intrapreneuring: why you don’t have to leave the corporation to become an entrepreneur” (“Intraempreendedorismo: por que você não precisa deixar a empresa para se tornar um empreendedor”, em tradução livre), que aprofunda o conceito.


Na obra, o autor descreve intraempreendedores como pessoas corajosas e objetivas, que se responsabilizam pela inovação dentro das empresas ao transformar ideias em palpável e lucrativo.


Gifford Pinchot e o intraempreendedorismo na prática


O autor virou uma referência no assunto e, após anos de palestras, lançou o guia “Intraempreendedorismo na prática”, disponível no Brasil. No livro, ele detalha as etapas que empresas e profissionais devem percorrer para implementar a mentalidade inovadora e transformar projetos em realidades rentáveis.


Leia também: Como o design thinking pode impulsionar o intraempreendedorismo?


Diferenças entre intraempreendedorismo e empreendedorismo


A diferença entre intraempreendedorismo e empreendedorismo está no “intra” que antecede a primeira palavra. Quando falamos de empreendedorismo, normalmente nos deparamos com histórias de profissionais que renunciam a bons empregos e estabilidade financeira para arriscar capital próprio em um projeto pessoal. Uma decisão sempre complexa.

O intraempreendedorismo, por outro lado, não obriga o profissional a abrir mão do emprego ou do salário garantido no final do mês. Isso porque a empresa que pratica o intraempreendedorismo permite que ele desenvolva sua grande ideia internamente, inclusive com o apoio da estrutura corporativa.


Ou seja, ele não precisa optar entre seguir uma carreira corporativa ou se tornar um empreendedor para levar sua ideia adiante. Também não precisa assumir todos os riscos de começar um negócio do zero. Sua função é a de buscar oportunidades e apresentar alternativas e planos para transformar essas ideias em algo que seja interessante e lucrativo para a empresa.


Inovação e intraempreendedorismo


Como dissemos no início do artigo, intraempreendedorismo e inovação estão intimamente relacionados porque quando uma empresa incentiva a capacidade de empreender de um profissional – observando tendências, buscando oportunidades e apresentando ideias sem receio de ser repreendido – ela inevitavelmente abre espaço para que ideias inovadoras possam surgir e melhorar processos ou criar algo inovador.


A relação é tão direta que não estaríamos exagerando se disséssemos que o intraempreendedorismo pode ser o principal motor da inovação interna de uma empresa. Além disso, é importante considerar que organizações que praticam o intraempreendedorismo costumam ser mais atrativas para profissionais intraempreendedores, que, por sua vez, tendem a ser altamente inovadores.


Empresas intraempreendedoras


Google e 3M são algumas empresas intraempreendedoras que estimulam seus funcionários a dedicar tempo e energia para enxergar oportunidades e propor ideias. O Google é famoso por sua política que permite que seus funcionários dediquem 20% do tempo para trabalhar em projetos pessoais, não necessariamente relacionados às suas áreas de atuação.

A 3M tem algo na mesma linha, a chamada Teoria dos 15%, que cede 15% do tempo de trabalho dos seus mais de 90 mil funcionários para projetos de inovação, empreendedorismo e criatividade. Aqui, diferentemente da política do Google, os projetos precisam estar relacionados ao negócio da empresa, à área de atuação ou à função do profissional.

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Exemplos de intraempreendedorismo


Exemplos de produtos e serviços que surgiram de forma intraempreendedora nas empresas também não faltam. O Gmail, por exemplo, surgiu da atitude intraempreendedora do engenheiro Paul Buchheit em 2001.


A ideia era que o serviço de e-mail fosse usado apenas internamente pelos funcionários do Google. Paul observou o mercado, fazendo um benchmarking dos principais serviços de webmails da época e suas maiores deficiências. Na plataforma do Google, ele resolveu problemas como falta de capacidade de armazenamento e interface confusa. Deu tão certo que, em 2004, o Gmail foi disponibilizado para o grande público e não demorou nada para se tornar o e-mail mais utilizado do mundo.


O PlayStation, da Sony, é outro caso de intraempreendedorismo (e um pouco de teimosia). O videogame foi criado porque um empregado da empresa, Ken Kutaragi, queria deixar o videogame de sua filha mais robusto e ‘user friendly’. Ele levou a ideia para seus superiores, que incialmente não tiveram interesse porque, até então, a Sony não produzia videogames.

Mas ele não desistiu. Procurou o CEO da companhia que, vislumbrando o potencial da indústria de jogos eletrônicos, fechou uma parceria com a Nintendo. A sociedade não foi longe, mas a Sony decidiu continuar o projeto por conta própria e, em 1994, lançou o console que revolucionou o mercado.


O botão “curtir”, do Facebook, é outro exemplo que surgiu de forma intraempreendedora. Imagine que o principal ícone da rede social surgiu em um hackaton, um tipo de maratona que reúne desenvolvedores, designers e outros profissionais ligados à tecnologia e inovação.


Mais um caso de inovação gestado em um hackaton é o do banco de imagens, vídeos e música Shutterstock, que realiza esse tipo de evento internamente com frequência. Em uma dessas ocasiões, surgiu a ideia da ferramenta Spectrum, que permite a busca de imagens por meio de cores.


O que é um intraempreendedor


Intraempreendedor é aquele profissional que trabalha em uma empresa como empregado, mas tem postura de dono. Ou seja, ele observa tendências, procura oportunidades, desenvolve ideias de forma proativa e se envolve no que faz com a responsabilidade e a motivação de quem está arriscando seu próprio negócio.


O intraempreendedor tem clareza em relação ao local em que a empresa está e aonde ela quer chegar e, para que o objetivo seja alcançado, ele busca soluções e alternativas.


Como uma empresa deve agir para incentivar o intraempreendedorismo


O intraempreendedorismo não surge por acaso nem se consolida da noite para o dia. Para isso acontecer é preciso estimular os profissionais a agir com mentalidade intraempreendedora. Veja como fazer isso de forma eficiente.


Crie um ambiente de confiança


Tudo começa por oferecer um ambiente em que os profissionais se sintam à vontade para dar ideias e propor alternativas sabendo que não serão repreendidos ou punidos caso a proposta seja considerada fora da caixa ou gere algum prejuízo.


Estimule a geração de ideias de forma organizada


É preciso criar processos que incentivem os colaboradores a sair da famigerada zona de conforto e a apresentar suas melhores ideias de forma organizada e estruturada. A empresa precisa deixar claro que está em busca de alternativas e que tem disposição (inclusive financeira) para levar as melhores ideias adiante.


Isso deve fazer parte da cultura da organização, claro, mas também aparecer em em questões práticas do dia a dia, como a utilização de ferramentas que facilitem o processo. Plataformas de gestão da inovação como a Imagine, por exemplo, incentivam os colaboradores a escrever suas ideias em um dashborad com usabilidade semelhante à de uma rede social.


Outra boa estratégia é seguir o exemplo de Google e 3M e disponibilizar horas semanais para os profissionais se dedicarem a pensar novas ideias. Hackatons, grupos de trabalho voltados para esse fim e reuniões periódicas com o time também são uma alternativa. O importante é manter a consistência e, uma vez definidos os objetivos, acompanhá-los de maneira sistemática.


Em outro artigo, falamos mais especificamente sobre como estimular a geração de ideias inovadoras em grandes empresas.


Identifique, valorize e atraia profissionais intraempreendedores


Nenhuma empresa pode praticar o intraempreendedorismo sem ter profissionais com esse perfil dentro de casa. Portanto, é preciso identificar esses colaboradores internamente e valorizá-lo de alguma forma, seja através de reconhecimento verbal ou de uma política mais estruturada de premiação.


Paralelamente, também é importante intensificar a busca por profissionais com esse perfil em processos de recrutamento e seleção para as mais diversas áreas e funções. É importante considerar que a inovação não precisa estar limitada a um departamento.


Estabeleça processos e budget para tirar ideias do papel


Intraempreendedores querem ver seus projetos ganharem forma e serem colocados em prática. Esse é o principal combustível para a sua criatividade e seu poder de leitura do mercado. E, claro, tirar ideias do papel pressupõe budget e processos estruturados.


Ou seja, para incentivar seus profissionais a pensar de forma intraempreendedora a empresa deve oferecer recursos para o desenvolvimento de produtos, serviços, novos negócios ou melhoria de processos já existentes.


Muitas empresas que querem implementar o pensamento intraempreendedor costumam cair na armadilha de pensar que ideias incríveis surgirão espontaneamente na cabeça de seus colaboradores sem que elas precisem atuar ativamente para isso. Concepções equivocadas sobre o assunto, aliás, não faltam. Para conhecer algumas das mais comuns, leia o artigo “5 mitos e verdades sobre intraempreendedorismo”.


E se você ainda não está convencido de como esta prática pode colocar empresas de diferentes portes e segmentos no caminho da inovação, especialmente em momentos de crise, leia também nosso artigo que explica por que o intraempreendedorismo pode salvar as empresas no pós-pandemia.


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