Qual a diferença entre aceleradora, incubadora e venture builder?
Redação Play • ago. 03, 2021

Muitas das grandes empresas que conhecemos hoje nasceram e cresceram sozinhas, sem a ajuda de qualquer incubadora ou aceleradora. É verdade. O que não conseguimos saber ao certo é a quantidade das que, apesar do alto potencial para dar certo e transformar seu mercado de atuação, sequer sobreviveram para contar a história.


Afinal, segundo o levantamento Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo, do IBGE, apenas uma em cada quatro empresas sobrevive por mais de dez anos no Brasil.


Por outro lado, um estudo realizado no Reino Unido pela Nesta aponta que 73% das empresas que passaram por incubadoras consideram essa uma contribuição significativa ou até vital para seu sucesso. Essa também foi a resposta apontada por 64% das empresas que tiveram a ajuda de uma aceleradora.


Incubadoras e aceleradoras já impulsionaram grandes marcas como Uber, Airbnb e Dropbox, apenas para citar alguns exemplos. De forma geral, elas atuam nos estágios iniciais dos negócios para que eles possam se desenvolver, evitando algumas armadilhas que poderiam colocar tudo a perder.


Por outro lado, as venture builders empreendem em parceria, tomam os riscos juntamente às startups e ajudam as empresas a tomarem o rumo correto na busca pelo objetivo almejado.


Porém, ainda que tenham muitas semelhanças, os três modelos guardam diferenças significativas que todo novo empreendedor deve compreender. Vamos lá?

O que é uma incubadora de startups


O conceito formal de incubadora de empresas surgiu no final dos anos 1950, quando um grande parque industrial faliu na cidade de Batavia, no estado de Nova York (EUA), e o proprietário Joseph Mancuso decidiu alugar o espaço para diversas pequenas empresas.


Ao longo dos anos, claro, o conceito se transformou. Hoje em dia, podemos dizer que a ideia de “incubar” startups seja bastante semelhante à incubação de bebês prematuros. Nos dois casos, as incubadoras funcionam como um ambiente controlado e protegido cujo objetivo é aumentar as chances de sobrevivência nas primeiras etapas da vida. Nos Estados Unidos, por exemplo, estudo do National Business Incubation Association indica que empresas criadas em incubadoras têm uma taxa de sobrevivência de 87% – enquanto entre as não incubadas o índice é de 44%.


De forma prática, incubadoras de empresas são organizações que apoiam jovens empreendedores com espaços de trabalho compartilhados de baixo custo ou até gratuitos, proporcionando um ambiente de colaboração e oportunidades de networking e mentoring, inclusive com potenciais investidores. O processo de incubação de uma startup pode durar de 1 a 5 anos.


Pontos positivos da incubadora:


  • oferece programas de desenvolvimento inicial, como workshops e painéis de discussão;
  • ajuda a reduzir custos gerais porque tem estrutura (local de trabalho, wifi, suporte administrativo) gratuita ou de baixo custo;
  • facilita o acesso a investidores;
  • gera oportunidades de networking com outros empreendedores.


Pontos negativos da incubadora:


  • os processos seletivos costumam ser competitivos e rigorosos;
  • uma vez que o empreendedor é aceito, deve permanecer na incubadora por 1 ou 2 anos, pelo menos, seguindo um cronograma de atividades;
  • o empreendedor perde a liberdade de decidir sozinho porque, na prática, é como se a incubadora fosse seu chefe ou orientador de TCC (ou mestrado ou doutorado);
  • a startup precisa prestar contas do seu progresso.


O que é aceleradora de startups


Aceleradoras são empresas que apoiam startups com um programa intenso de educação imersiva cujo objetivo é – como o próprio nome já entrega – acelerar o seu desenvolvimento.


As aceleradoras podem ser generalistas ou ter foco em áreas específicas, como tecnologia, meio ambiente etc., ou em verticais, como produtos de consumo, energia renovável etc.


A ideia principal aqui é concentrar anos de aprendizado em programas de 3 a 6 meses. O objetivo final dessa aceleração é refinar a startup para potenciais investidores e aproximá-la de grandes corporações para as quais ela possa servir como campo de teste.


O programa de aceleração começa geralmente com a fase de inscrição, que é bastante crítica porque as aceleradoras são muito disputadas. Um empreendedor precisa realmente se dedicar à candidatura para ter alguma chance de ser selecionado.


Em seguida, os aprovados iniciam uma programação semanal intensa, que mescla sessões de trabalho com especialistas, treinamento, desenvolvimento de projetos piloto e eventos de networking entre startups, empresas e investidores.


No final do programa, há o chamado “demo day”, em que todas as startups participantes fazem sua apresentação para um público de investidores, parceiros e mídia. É neste momento que elas demonstram seu modelo de negócios aprimorado e sua solução para encontrar o investidor ou parceiro de negócios que irá garantir sua próxima rodada.


Pontos positivos das aceleradoras:


  • oferecem algum tipo de financiamento;
  • dão acesso a uma rede de empresas e investidores que podem estar dispostos a testar o produto em novos mercados ou garantir sua próxima rodada de financiamento;
  • têm uma equipe de especialistas para apoiar o desenvolvimento da startup;
  • a maioria dos seus programas é apoiada por uma poderosa rede de mentores que pode abrir portas para a nova empresa;
  • oferecem espaço de trabalho gratuito;
  • fazem a ponte com outros empreendedores que participam do programa e ex-participantes que já passaram por esse processo.


Pontos negativos das aceleradoras:


  • o programa é extremamente intenso e exigente;
  • o empreendedor precisa se dividir entre o programa e a administração do seu negócio;
  • a maioria dos programas são aceleradores de seeds, o que significa que oferecem dinheiro em troca de ações;
  • como a maioria das aceleradoras mantém uma sede física, pode ser caro para o empreendedor se transferir para outra cidade;
  • trabalho sob muita pressão.


Diferença entre incubadora, aceleradora e venture builders


Com todas as informações acima, você possivelmente já percebeu que, embora tanto incubadoras quanto aceleradoras ajudem startups a se desenvolver, cada uma tem a sua própria abordagem.


Enquanto as incubadoras funcionam como um ambiente controlado para que startups possam nascer e se desenvolver por períodos que variam entre 1 e 5 anos, as aceleradoras testam os limites dos empreendedores ao oferecerem um treinamento intenso – de 3 a 6 meses – que provoca praticamente uma imersão em desafios, aprendizados e muita pressão.

Nesse contexto de impulsionar startups, existem ainda as Venture Builders (VBs) e as Corporate Builders (CVBs), empresas que investem, constroem e desenvolvem startups para grandes empresas (no caso das CVBs) ou para empreendedores (no caso das VBs).


Explicamos esses modelos nos artigos sobre o que é Corporate Venture Building e como as corporate venture builders atuam. E qual é a diferença entre CVBs, VCs, aceleradoras e incubadoras?


A diferença principal é que o modelo de Venture Building coloca a mão na massa para entregar a startup pronta para a empresa ou o empreendedor que fez a “encomenda”, enquanto os outros dois modelos apenas oferecem suporte para que a startup tenha sucesso.


Qual modelo é o ideal para você e/ou sua empresa


Se você tem uma grande ideia e quer criar uma startup participando de todo o processo de criação e desenvolvimento, possivelmente o modelo de incubadora seja o mais indicado.


Por outro lado, se você tem uma startup estabelecida, que já sobreviveu aos primeiros meses de vida e provou sua viabilidade, mas agora está em busca de investidores para alcançar o próximo nível, uma aceleradora pode ser o modelo ideal.


No caso dos empreendedores que têm uma ideia, mas não querem ou não podem se dedicar ao projeto, as Ventures Builders executam o projeto e o entregam com a startup já em operação.


O mesmo acontece quando essa iniciativa parte de uma grande companhia que quer desenvolver um negócio fora do seu escopo sem arriscar a sua marca.


Nessas situações, o parceiro mais indicado para assumir o trabalho é uma Corporate Venture Builder, que tira uma ideia do papel do começo ao fim, ajudando empresas tradicionais a criar formatos disruptivos de operação, viabilizar novos negócios e entrar em segmentos inexplorados de mercado.


O Corporate Venture Building é um modelo em ascensão em todo o mundo não apenas por ajudar empresas tradicionais a mitigar os riscos inerentes à criação de um novo negócio, mas também por conduzi-las de forma planejada e estruturada pelo processo de inovação.


Leia este outro artigo para conhecer ideias desenvolvidas por corporate venture builders.


Por fim, é importante esclarecer que não existe a melhor opção entre incubadoras, aceleradoras, VBs e CVBs. Existe, sim, a opção mais adequada ao momento e ao objetivo de cada empreendedor, seja ele solo ou corporativo.


Leia também: O que é e como funciona o Corporate Venture Capital


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