A digitalização e os impactos no mercado financeiro
Redação Play • jun. 22, 2021

A popularização da internet no início da década de 2000 e a chegada dos smarthpones alguns anos depois deram início a uma revolução que alteraria profundamente a forma como nos relacionamos, nos comunicamos e consumimos. O acelerado processo de transformação digital que se iniciou a partir daí trouxe na bagagem um impacto inegável também sobre a maneira como as corporações estruturam suas estratégias empresariais.


Esse processo elevou, como nunca antes na história da humanidade, a velocidade das mudanças, fazendo com que a certeza de hoje não nos dê nenhum conforto sobre o dia de amanhã. Com isso, as organizações estão tendo que revisitar seus modelos de negócios, buscando uma estrutura mais adaptável e responsiva às inovações recorrentes.


Mais recentemente, pudemos acompanhar de perto o efeito dessas mudanças no mercado financeiro. E é sobre essa atividade em especial que quero falar ao longo deste artigo.


Antes da entrada do digital, esse mercado era dominado por um oligopólio de poucos bancos e algumas corretoras, protegidos pelas barreiras de entrada impostas pelas estruturas físicas (agências bancárias) necessárias para atender os clientes. O baixo número de players dava a esse oligopólio liberdade para aplicar taxas muitas vezes altas sobre seus produtos e serviços.


Mercado customer centric 


Com a digitalização, novas empresas (ainda que pequenas) chegaram até os consumidores finais de forma online, oferecendo produtos mais atraentes e que supriam de forma mais amigável suas necessidades. Assim, passamos de um mercado enterprise centric para um customer centric, fortemente caracterizado pelo boom das fintechs.


Essa mudança no status quo do mercado financeiro impactou diretamente o relacionamento entre empresas e clientes. Fomos de um mercado de difícil acesso, com atendimento burocrático e pouco fluído, para outro com produtos e serviços intuitivos e 100% online, garantindo autonomia e praticidade para o usuário. 


O setor de investimentos também foi desburocratizado, seja pelas ofertas mais acessíveis, seja pelo movimento de influenciadores digitais que ajudaram a desmistificar um assunto até então desconhecido pela grande maioria.


Open finance e a entrada dos non-financial players


Na esteira dessas mudanças, e com o claro propósito de estruturar esse mercado em ascensão, alguns fenômenos vêm se estabelecendo. Dois deles chamam a atenção devido ao impacto que irão trazer para empresas dos mais diversos segmentos: o open finance e a entrada de non-financial players.


O primeiro vai permitir que o usuário seja o detentor de seus dados financeiros e que, a partir daí, decida quais produtos e serviços quer contratar – e de quais players. A inovação será possível pois todos os agentes do mercado financeiro deverão utilizar uma camada de tecnologia padronizada, que facilitará a comunicação entre eles e simplificará a portabilidade de dados e informações dos usuários.


Já a entrada dos chamados non-financial players deve disponibilizar serviços financeiros em plataformas com as quais já temos um relacionamento direto, sem a necessidade de abrir novas contas para acessá-los. Já vemos esse fenômeno acontecendo em grandes empresas como Facebook e Apple, entre outros.


Na semana passada, o WhatsApp anunciou a liberação do serviço de pagamentos e transferências em sua plataforma. Na prática, o usuário vai poder realizar essas transações sem usar necessariamente o internet banking. As operações no país ficarão sob responsabilidade de Visa e Mastercard.


O movimento do Whatsapp está longe de ser o único do tipo. Graças ao Open Banking, observamos aplicativos de serviços ampliando sua atuação e integrando soluções de pagamento – caso do Uber, que recentemente lançou sua conta digital. É o que o mercado vem chamando de superaplicativos, um movimento já bastante difundido na China, onde boa parte dos consumidores usa basicamente dois apps – Alipay e WeChat Pay – para realizar diferentes transações financeiras, de compras a transferências.


Além de impactar a forma como fazemos compras, todas essas mudanças obrigam as empresas do setor financeiro a se posicionar como facilitadoras do processo, tirando-as da zona de conforto que experimentavam na – não muito distante – época dos oligopólios que mencionei no início do artigo. 


Assistimos em tempo real a digitalização mudar os modelos de negócios e impactar as estruturas do mercado financeiro, elevando a tecnologia a um novo patamar de importância. Entender os impactos desses fenômenos em curso é imprescindível para definir a estratégia – tanto atual quanto futura – de sua empresa. Num mercado em que as transformações serão cada vez mais rápidas e disruptivas, ignorá-las certamente não é uma boa opção.


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