Como o design thinking pode impulsionar o intraempreendedorismo?
Juliana Cruz • mai. 17, 2021

Profissionais com perfil intraempreendedor vêm ganhando espaço nas empresas. No intuito de acelerar processos de inovação, corporações de diferentes segmentos (e portes) apostam nestes “empreendedores internos” para implementar metodologias, estimular equipes e tirar boas ideias do papel.


No entanto, embora o conceito de intraempreendedorismo já seja bem compreendido no mundo corporativo, na prática esses profissionais costumam enfrentar resistência, especialmente quando se trata de companhias mais tradicionais. Afinal, fomentar novas ideias, processos e serviços muitas vezes gera desconfiança – e acaba sendo um dos entraves à inovação nas empresas.


Nesse contexto, o design thinking pode ser um aliado do intraempreendedorismo. Através de suas diferentes etapas, a ferramenta tem enorme potencial para ajudar no desenvolvimento/teste de projetos e na estruturação de novas ideias, ampliando a capacidade de atuação do intraempreendedor.


Neste artigo, explicamos como intraempreendedorismo e design thinking se entrelaçam e de que forma podem ajudar a impulsionar a inovação.


O que é design thinking


Design thinking é uma abordagem colaborativa focada nos usuários de um produto ou serviço com o objetivo de resolver um problema específico. Na prática, isso significa colocar-se no lugar desses usuários de forma empática para desenvolver projetos, testar novas ideias, identificar barreiras de usabilidade e encontrar soluções criativas para superá-las.


Embora tenha se originado na área do design, hoje ele é utilizado em qualquer segmento – e, justamente por propor a solução de problemas, tornou-se a menina dos olhos de organizações que querem inovar. Afinal, que empresa não quer resolver problemas e se manter próxima de seus consumidores?


Um case que se tornou emblemático é o da GE Healthcare. A companhia criou uma máquina de ressonância magnética que chegou a ser indicada para um prêmio de design, mas, em uma visita a um hospital, o designer responsável pela criação descobriu que as crianças submetidas a exames no equipamento ficavam absolutamente aterrorizadas – ao ponto de 80% delas precisarem ser sedadas. Ele se deu conta que em nenhum momento havia pensado na experiência do usuário e, após uma completa imersão, que incluiu visitas a locais frequentados por crianças para melhor compreendê-las, reformulou totalmente o ambiente dos exames.


Ao contrário do que muitos profissionais imaginam, a abordagem não é exclusiva a projetos especiais nem requer um budget exorbitante. Mais do que isso, é possível aderir à prática do design thinking para projetos menos complexos, solucionando demandas de menor esforço.


E vale lembrar que o usuário em questão pode ser tanto um cliente como outro colaborador da empresa que tenha algum problema a ser solucionado. Ou seja, o design thinking pode ser utilizado até para atender a demandas internas de uma organização.


Etapas do design thinking


Não vamos nos estender nos detalhes técnicos, mas é importante compreender que o design thinking se desenvolve a partir de cinco etapas:


1. Imersão


É o momento de entender qual é o problema a ser solucionado, considerando-se as necessidades, desejos e percepções de mundo do público-alvo.


2. Definição


Como o nome entrega, nesse momento estabelece-se o obstáculo a ser superado. Isso se dá através da organização e análise dos dados coletados na etapa anterior, de forma a observar padrões e possíveis caminhos.


3. Ideação


Essa etapa normalmente começa com brainstormings, nos quais a equipe do projeto busca ideias inovadoras para resolver o problema apresentado. É comum que, depois dessas reuniões iniciais, sejam feitas sessões de cocriação com outros times internos ou mesmo usuários. A ideia é formar uma equipe multidisciplinar que pense em conjunto, sem medo de errar.


4. Prototipação


Para auxiliar a validação das ideias geradas, cria-se o protótipo – que não precisa ser necessariamente um produto físico, mas um desenho, uma maquete, um dispositivo ou qualquer outro modelo que concretize as soluções imaginadas pelo time.

 

5. Teste


Os modelos obtidos na etapa anterior são testados (frequentemente mais de uma vez) até que se provem capazes de resolver o problema inicial. O ciclo pode se repetir com o objetivo de refinar ideias e soluções e – sempre – aprender mais sobre o usuário.


Design thinking e intraempreendedorismo


E, afinal, o que isso tudo tem a ver com intraempreendedorismo? Primeiramente, é preciso refletir sobre o potencial de inovação que o design thinking trás consigo. Por ser um processo orientado ao usuário, ele tem papel fundamental na descoberta de oportunidades ainda pouco exploradas e, consequentemente, no desenvolvimento de novas funções para atender essas oportunidades mapeadas.


Além disso, a interdisciplinaridade proposta pela ferramenta promove o engajamento de diversos grupos de trabalho, permitindo o envolvimento de toda a empresa. Independentemente de sua área de atuação, qualquer profissional pode fazer parte do processo de forma integrada, do início ao fim, garantindo a sinergia necessária entre os times para a viabilização de soluções.


Vale dizer também que o design thinking é um processo de divergência e convergência que estimula habilidades fundamentais ao intraempreendedor, como análise, síntese, ideação de alternativas e resolução de problemas. Como mostra o gráfico abaixo, o chamado “duplo diamante” do design thinking amplia a tão necessária capacidade analítica do intraempreendedor para identificar oportunidades e atuar na criação de valor ao usuário e demais envolvidos no processo.



Por fim, a explanação do problema de um usuário através do design thinking promove a geração de inúmeras ideias, o que impulsiona a criação de rotas alternativas para a solução do problema considerando múltiplos pontos de vista.


Essa exploração de possibilidades distintas promove a combinação de ideias, ampliando o olhar para alternativas inovadoras.


Sem falar no fato óbvio de que a metodologia facilita a exposição de problemas x caminhos para resolvê-los, bem como a rápida testagem desses caminhos – e, se preciso, os ajustes necessários para uma implementação mais assertiva. E isso, claro, ajuda o intraempreendedor a diminuir a resistência que mencionamos no início deste artigo.


Por tudo isso, não é exagero dizer que o design thinking é uma ferramenta indispensável para fomentar o intraempreendedorismo nas empresas.


Além de propiciar a criação de produtos e serviços não explorados pelo mercado e de gerar mais eficiência aos processos internos, o design thinking abre uma nova perspectiva capaz de desbravar caminhos alternativos para novas descobertas – e, consequentemente, para a inovação.

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