Startups voltadas a necessidades das mulheres vêm se proliferando no mundo todo – e atraindo uma bolada em investimentos. Dados do Crunchbase apontam que no ano passado, pela primeira vez na história, as femtechs receberam globalmente mais de US$ 1,2 bilhão. E, segundo a Frost & Sullivan, a previsão é de que, até 2025, esse mercado represente algo em torno de US$ 50 bilhões.
Dados do FemTech Industry 2021 / Q2 Landscape Overview, do FemTech Analytics (FTA), indicam algo semelhante. Segundo o estudo, até 2027 o mercado global de femtechs deve somar US$ 60 bilhões – três vezes o tamanho que tinha em 2019.
O termo femtech foi cunhado em 2016 por Ida Tin, fundadora do Clue, aplicativo de rastreamento de ciclo menstrual e ovulação. Lançado em 2013, atualmente ele é utilizado por 12 milhões de pessoas em mais de 190 países. Ao criar o termo, seu objetivo era ajudar a legitimar o mercado de tecnologia em saúde feminina, impulsionando a inovação, atraindo investimentos e ajudando a normalizar as conversas sobre saúde feminina. Essas são as suas próprias palavras, publicadas em entrevista no Femtech.live.
Atualmente, quando falamos em femtechs estamos nos referindo a startups que se dedicam a desenvolver softwares, produtos e serviços que utilizam tecnologia para ajudar a gerenciar questões de saúde da mulher. Esses aplicativos podem tanto ser voltados a diagnósticos quanto bem-estar, saúde preventiva e reprodutiva, gravidez e cuidado infantil.
As femtechs estão distribuídas em 8 segmentos principais.
Startups desenvolvem soluções voltadas principalmente ao bem-estar emocional e psicológico.
Soluções incluem planejamento da gravidez, cuidados pós-parto, maternidade e cuidados com o bebê.
Desenvolve medicamentos adequados para mulheres, considerando que a maior parte dos fármacos é até hoje testada apenas em homens ou animais do sexo masculino.
Soluções que utilizam inteligência artificial e outras tecnologias para elevar as rotinas de cuidado com pele ou cabelo, por exemplo, a outro nível.
Foco em diagnóstico precoce e prevenção de doenças femininas, com dispositivos portáteis que podem ser utilizados em casa e operam com IA e machine learning.
Inclui cuidados com a saúde sexual, menstruação, fertilidade e contracepção.
Esse segmento mira nas doenças que atingem mais as mulheres ou são exclusividade delas, como câncer de mama. Aplicativos telemedicina e dispositivos wearable são alguns dos recursos disponibilizados.
Concentra-se em todas as tecnologias, serviços e pesquisas relacionadas à extensão da vida saudável das mulheres e doenças relacionadas à idade.
O mercado de tecnologias voltadas à saúde da mulher é imenso e, segundo a Frost, as femtechs devem ser o novo fenômeno desse setor – o que não chega a surpreender, considerando que seu target equivale a nada menos que 50% da população mundial.
Dados do Crunchbase dão conta de que até 45% das mulheres sofrem de condições crônicas específicas, como policistose, endometriose, doenças autoimunes e distúrbios hormonais. A cada ano, essas mulheres gastam entre US$1.000 e US$3.000 para tratar sintomas relacionados a essas condições.
Ainda assim, apenas 4% dos investimentos em pesquisa médica global são destinados à saúde da mulher. O levantamento FemTech Industry 2021 / Q2 Landscape Overview aponta ainda que a indústria de femtech responde por apenas 1,4% do capital investido em healthcare.
Segundo o mesmo estudo, cerca de 50% do mercado femtech está voltado aos segmentos de gravidez, enfermagem e saúde reprodutiva. Mas eles não são os únicos a que essas startups se dedicam.
Prova disso é que, de acordo com o Crunchbase, embora o segmento de gravidez e paternidade tenha recebido os maiores investimentos de venture capital nos Estados Unidos nos últimos cinco anos, 2021 apresentou uma tendência diferente, com cuidados primários e preventivos ganhando destaque.
Confira abaixo para onde foram as principais cifras destinadas a femtechs:
O Crunchbase também destaca o segmento de menopausa, chamado menotech, que em 2021 recebeu o dobro do financiamento que obteve em 2019.
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Segundo a FTA, até 2020, o mercado de femtechs era composto por 200 startups – com um número significativo delas dirigido por mulheres. A maior parte das femtechs está concentrada na América do Norte (51,9%) e a segunda maior parte fica na Europa (23,5%). Apenas 4,4% estão na América do Sul. Confira a seguir algumas femtechs de destaque no Brasil e no mundo.
Startup de Nova York que oferece uma clínica virtual que utiliza telemedicina para tratar de saúde feminina e familiar. Segundo o Crunchbase, ela recebeu US$ 110 milhões em financiamento em 2021, quando se tornou um unicórnio.
A startup londrina criou uma bomba de amamentação leve, pequena e silenciosa que pode ser utilizada como wearable discretamente por baixo do sutiã. Em 2021, recebeu US$ 87 milhões em investimentos.
Também sediada em Londres, a empresa desenvolveu o app Flo, que utiliza inteligência artificial para monitorar mais de 70 sinais do corpo das mulheres e entregar previsões de menstruação e ovulação mais precisas.
Femtech de Utah (EUA) que desenvolveu o PreTRM test, um exame de sangue inovador capaz de prever o risco de parto prematuro.
Startup brasileira que realiza exames digitais para ajudar as mulheres a entender melhor sua vida fértil e ter mais independência e autonomia.
Fundada por Caroline Brunetto de Farias, em Porto Alegre, a femtech é focada em soluções tecnológicas para oncologia e saúde da mulher. Entre os produtos oferecidos está o SelfCervix, auto coletor de amostras do colo do útero que funciona como um teste rápido e permite que a mulher faça sua própria coleta onde e quando quiser.
Embora ainda pequeno se comparado ao total investido em healthcare no mundo, o mercado das femtechs se mostra animador. O crescimento do número de mulheres à frente de fundos de investimento e movimentos que abrem cada vez mais espaço à voz feminina provam que trata-se de um setor não apenas promissor, como essencial.
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