O trabalho de freelancers e autônomos, que são pagos por hora ou empreitada, vem crescendo no mundo todo. Segundo a pesquisa The State of Gig Work 2021, do Pew Research Center, 16% dos adultos nos EUA ganharam dinheiro em plataformas da chamada gig economy no ano passado. Entre as atividades mais comuns estão delivery de restaurantes ou lojas, tarefas domésticas, como faxina e montagem de móveis, e dirigir para apps de transporte de passageiros.
No Brasil, o cenário é bem parecido. Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que temos 1,4 milhão de entregadores e motoristas trabalhando por aplicativos, o que significa que 31% dos profissionais do setor de transporte, armazenagem e correios – estimados 4,4 milhões no total – estão inseridos na gig economy no país.
O estudo foi realizado com base em dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Continua) e na Pnad Covid-19.
Gig economy, ou “economia autônoma” é uma expressão que define uma modalidade de trabalho alternativa ao “emprego” propriamente dito – aquele com registro em carteira de trabalho e submetido às regras da CLT. Nesta modalidade, profissionais autônomos trabalham para empresas por determinados períodos ou para realizar serviços esporádicos, sem que haja vínculos empregatícios entre eles.
É verdade que a ausência de vínculo não é exatamente uma novidade. No Brasil, aliás, a informalidade vem de longa data. O que muda, na era da gig economy, é que agora as duas pontas – empresas e profissionais – são conectadas por meio de aplicativos ou plataformas online que vêm transformando o mercado de trabalho, especialmente para quem busca mais flexibilidade ou simplesmente não consegue se inserir em oportunidades formais.
A configuração da economia gig no Brasil não é muito diferente da de outros países do mundo. Por aqui, porém, o termo mais utilizado é “uberização” do trabalho, uma alusão ao aplicativo que conecta motoristas a passageiros, especialmente nas grandes cidades.
O estudo Global Gig-Economy Index, realizado pela Payoneer em 2019 em dez países, incluindo o Brasil, mostrou que somos a terceira nação onde essa modalidade mais cresce no mundo. Por aqui, a gig economy vem aumentando 48% ao ano, atrás apenas de Estados Unidos (78%) e Reino Unido (59%).
Como mencionamos anteriormente, o setor de transportes é o que mais concentra profissionais autônomos que trabalham por meio de aplicativos. Mesmo com o impacto da pandemia, que fez a quantidade de viagens despencar, o primeiro trimestre de 2021 registrou um aumento de 37% em relação ao início da série histórica do Ipea, em 2016, no número de profissionais dedicados ao transporte de passageiros.
Outro carro chefe – sem trocadilhos – é o de transporte de mercadorias, que partiu de uma base menor, mas teve uma expansão muito mais acelerada. Em 2016, eram 30 mil trabalhadores. No segundo semestre de 2021, o número saltou para 278 mil – crescimento de nada menos do que 979,8% no período.
Apesar da força destes segmentos, eles não são os únicos, como veremos a seguir.
Além do transporte de passageiros e mercadorias, serviços de TI, programação, design e tradução, entre tantos outros, são disponibilizados por plataformas internacionais que conectam freelancers e empresas, como Upwork e Workana, por exemplo.
O Brasil tem seus exemplos próprios, que vão bem além dos apps de transporte. Entre eles está uma das investidas da Play: a plataforma Closeer, que conecta empresas dos segmentos de hotelaria, food service e varejo a freelancers interessados em receber por horas trabalhadas, sem burocracia.
Por meio da plataforma, os profissionais podem ser contatados pelas empresas – e aceitar ou não o job oferecido. Na outra ponta, o contratante pode gerenciar os contatos com os profissionais, acessar sua disponibilidade de datas, fazer pagamentos e visualizar em um painel web toda a mão de obra contratada sob demanda em todas as suas unidades.
Criada há quase cinco anos, a plataforma já tem mais de 30 mil profissionais cadastrados e mais de 400 clientes. Entre eles, estão gigantes desses segmentos, como Rascal, Ibis e Accor.
O estudo Gig Economy – The Economic Backbone of the Future?, apresentado por Kris Broda, co-fundador da Brodmin (uma startup londrina de contabilidade), estima que a gig economy represente US$ 347 bilhões em 2021.
Globalmente, freelancers de design e tecnologia respondem por 59% de todos os atuantes na modalidade. Até 2023, a expectativa é de que a “global gig” alcance US$ 455 bilhões – o dado faz parte de um estudo publicado pela Mastercard em 2019. Nos Estados Unidos, o número de trabalhadores autônomos da nova economia – seriam eles giggers? – deve chegar a 86 milhões em 2027.
Ou seja, se o mercado de trabalho está em profunda transformação no mundo todo, podemos esperar que, por aqui, a gig economy também traga mudanças para outros segmentos além do transporte. Quando acontecerá? As apostas estão abertas.
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