7 lições das startups para grandes empresas​: o que se pode aproveitar?
Raphael Silva • abr. 10, 2022

As startups não nascem para ser pequenas. Elas são projetadas para crescer rapidamente e, por isso, têm um modo bem característico de conduzir o negócio e a gestão de pessoas.


Embora seus objetivos sejam parecidos com os de uma grande empresa – crescer e gerar valor – a grande diferença está no ritmo e na dinâmica com que fazem isso. Companhias tradicionais, especialmente as que desejam inovar, têm muito o que aprender com esse modelo ágil.


Da capacidade de explorar oportunidades à estratégia de empenhar mais energia na ação do que no planejamento, é possível observar comportamentos que se destacam na atuação das startups.


Mindset de exploração


A empresa que nasce como startup precisa olhar o mercado atentamente para descobrir uma grande dor e prototipar uma solução. Para isso, é necessário estabelecer um processo de exploração consistente, capaz de identificar oportunidades e desenhar potenciais negócios, produtos e serviços.


Empresas grandes, por outro lado, já têm clientes e processos estabelecidos, mas muitas vezes encontram dificuldades em explorar novas de formas de crescer – especialmente fora de seu core business. Em alguns casos elas até enxergam uma dor a ser explorada, mas preferem não operar no desconhecido.


Esta a primeira lição que elas podem aprender com as startups: encontrar conforto na exploração e prazer em trabalhar nesse ambiente de incerteza.


Empreendedorismo raiz


Muitas empresas buscam profissionais com espírito intraempreendedor ou sentimento de dono para liderar equipes e impactar positivamente o ambiente corporativo. Esse é um fator importante, claro, mas em companhias com estruturas muito consolidadas normalmente os colaboradores atuam com foco em uma fatia específica do negócio – que pode ser uma região, um cliente, um produto.


A estrutura enxuta de uma startup, por outro lado, é um incentivo natural para que os profissionais se envolvam em diferentes áreas, pensando em soluções multidisciplinares para uma dor e analisando o desenvolvimento de um produto ou serviço sob perspectivas diversas.


A cultura intrínseca às startups leva a uma maior disponibilidade para assumir riscos e fazer um negócio crescer.


Conexão com o consumidor final


Ainda que tenham uma estrutura robusta de marketing – o que pode incluir pesquisas que detalham quem compra seu produto ou utiliza seu serviço –, grandes corporações dificilmente falam diretamente com seu consumidor final.


Nas startups, o empreendedor está diretamente conectado ao cliente porque sabe que ninguém melhor que ele para ajudar a entender qual é a dor e a possível solução para ela.


Não há problema algum em ter um departamento de marketing ou contratar um instituto de pesquisa. O problema é esquecer que o foco deve estar no consumidor e que uma conexão forte com ele precisa ser estabelecida de alguma forma.


Atração de pessoas por propósito


Companhias tradicionais atraem talentos porque têm uma marca interessante, uma imagem corporativa forte, porque oferecem estabilidade e benefícios. Startups vivem de propósito: elas existem para trazer soluções para as dores vivenciadas por grupos de pessoas. É dessa forma que conquistam profissionais que se apaixonam pelo desafio, que assumem esse propósito para si e são movidos por ele.


Esse alinhamento é uma lição importante que as irmãs maiores podem importar das caçulas. E, ainda que não seja possível estabelecer um propósito tão claro para a empresa toda, companhias de grande porte podem ter propósitos mais específicos por unidades de negócio, por exemplo.


Transparência na remuneração variável


Este é um calcanhar de Aquiles para muitas empresas que têm programas complexos de remuneração variável. Muitas vezes, as regras não são claras ou, pelo menos, compreensíveis para as pessoas. O profissional trabalha, atinge um excelente resultado, mas não tem certeza se será bonificado por isso porque há uma série de fatores externos envolvidos na equação.


Em startups esse processo costuma ser mais simples. Elas não oferecem grandes benefícios nem estabilidade, mas propõem aos colaboradores uma participação no negócio, por exemplo. O lema é “se der errado todo mundo perde, mas se der certo todo mundo ganha”. E, na minha opinião, quanto mais transparentes são as regras, maior é o engajamento das pessoas.


Contexto e propósito


Como eu disse, startups têm um propósito claro que atrai pessoas. Com isso, elas adotam um modelo de gestão com autonomia, em que o gerenciamento é feito por contexto e envolvimento. Isso significa que todos conhecem a visão da empresa, sabem para onde ela quer ir e têm autonomia para construir o caminho até lá. 


Grandes empresas, em geral, têm tem uma estrutura em que a alta liderança desenvolve o planejamento estratégico, define o orçamento, o rumo e as iniciativas. Depois, tudo isso é desdobrado para os times que devem executar o que foi planejado. Ou seja, planejamento e execução são feitos por grupos diferentes. E, para garantir que isso funcione, ocorre o que chamamos de comando e controle.


O que as empresas grandes podem aprender com as startups é que, quando todos estão engajados em um propósito comum, a necessidade de comando e controle diminui. Há áreas dentro das empresas em que esse modelo não só é viável como pode ser muito mais eficiente.


Agilidade para refazer planos


Companhias estabelecidas fazem um planejamento de longo prazo minucioso para os próximos cinco anos. A startup, por outro lado, tem uma visão e um objetivo, mas não empenha energia tentando acertar o que vai acontecer. Ela sabe que o mercado pode ser completamente diferente daqui a seis meses. O produto que hoje vende muito bem pode ser irrelevante no próximo ano. Ou ela pode descobrir que vender para empresas é melhor do que para o cliente final – e isso muda tudo, a estrutura de vendas, as margens etc.


O mundo está cada vez mais incerto, as mudanças são cada vez mais rápidas. Ao observar startups, grandes empresas podem aprender a ser mais ágeis, a ajustar rotas de forma fluida e a correr mais riscos, colocando seu modelo à prova o tempo todo.


E essas são apenas algumas lições. Claro que as startups também têm o que aprender com as grandes empresas – mas esse é outro assunto, que vale um outro artigo.

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