O que é investidor anjo e como encontrar um
Redação Play • jan. 20, 2022

Investidor anjo é um termo que anima todo novo empreendedor. Afinal, quem nunca sonhou em encontrar um anjo que cai do céu com sabedoria e dinheiro suficientes para aconselhar seu negócio e investir na sua ideia até torná-la uma startup de sucesso? Bem, tirando a parte em que eles caem do céu, esses anjos existem – são atualmente 6.956 no Brasil – e aportaram 856 milhões de reais em startups apenas em 2020.


Os números de 2021 ainda não estão fechados, mas a previsão da Anjos do Brasil é de 15% de crescimento.

Quem é o investidor anjo


Para quem ainda não está totalmente familiarizado com o termo, investidor anjo é alguém que investe recursos próprios – limitados normalmente entre 5% e 10% do seu patrimônio – nas etapas iniciais de desenvolvimento de startups com alto potencial de crescimento e rentabilidade.


Diferentemente de incubadoras e aceleradoras, que em geral são representadas por pessoas jurídicas, o investidor anjo é uma pessoa física (normalmente um empresário, executivo ou profissional liberal) que, além de fazer aportes financeiros, também empresta seus conhecimentos, sua experiência e sua rede de contatos para apoiar o empreendedor no desenvolvimento do negócio, em questões que podem ir desde a estratégia até o operacional do dia a dia, quando necessário.


O termo “anjo”, aliás, vem mesmo do fato de ele não ser um investidor puramente financeiro, que apenas fornece capital, mas alguém que apoia o empreendedor, oferecendo orientação e aconselhamento para aumentar suas chances de sucesso.


Por isso, conseguir um investidor anjo pode ser o empurrãozinho que falta para muitas startups decolarem.

Entenda outros termos relacionados à construção de novos negócios no nosso Glossário de Corporate Venture Building.
 

Como funciona o investimento anjo


O investimento anjo é normalmente feito nas etapas iniciais do desenvolvimento de startups que demonstrem alto potencial de retorno e tenham faturamento abaixo de R$ 1 milhão por ano. De acordo com a Anjos de Brasil, os aportes de investimentos anjos ficam entre R$ 300 mil e R$ 2 milhões.


O investidor anjo costuma ter uma participação minoritária no negócio, mas não assume qualquer posição executiva na empresa, ainda que, além do auxílio financeiro, atue como “anjo”, sendo mentor ou conselheiro dos empreendedores.

O investimento anjo pode ser feito de forma individual ou em grupo.


Investimento anjo individual


Neste modelo, o investidor faz um aporte direto na startup e assina um contrato que permite trocar o capital emprestado por uma eventual participação no negócio investido.


Investimento anjo em grupo


Este formato reúne, geralmente, de 10 a 20 investidores, que fazem o aporte em grupo para diluir os riscos e aumentar suas oportunidades.


Da mesma forma que ocorre no investimento anjo individual, nesta modalidade os investidores podem converter o empréstimo em participação no negócio. Geralmente, dois ou três investidores do grupo acompanham de perto o negócio, embora todos tenham acesso aos empreendedores.

O investimento anjo é para você?


Nem todo empreendedor tem as características ideais para receber um investimento anjo. Em geral, o perfil que esses investidores buscam é de alguém que:


  • seja capacitado para colocar a ideia em prática e cuidar da execução do negócio. Se não for o seu caso (e se você não tiver recursos para contratar pessoas especializadas), a dica dos Anjos do Brasil é buscar sócios que possam complementar suas habilidades antes de ir atrás de um investidor anjo;
  • conheça profundamente seu mercado, seu negócio e seus potenciais clientes. Muitos questionamentos serão feitos e você deve saber responder a todos eles com segurança e, sempre que possível, dados.
  • seja transparente em relação aos dados e às questões críticas do negócio. Não adianta tentar mascarar problemas para captar investimento. Honestidade é fundamental para criar uma relação baseada em confiança;
  • seja honesto ao informar se está conversando com mais de um potencial investidor;
  • não tenha um perfil extremamente centralizador. Quem recebe o investimento tem de prestar contas aos investidores. É uma via de mão dupla.

Como conseguir um investidor anjo


Não é qualquer ideia incrível que atrai a atenção de um investidor anjo. Quem busca esse tipo de investimento precisa, claro, ter uma ideia altamente inovadora, mas também demonstrar profundo conhecimento do mercado e muita competência – ou até mais do que isso, precisa provar que pode ser um empreendedor brilhante – para executar a ideia.


Aqui vão os principais requisitos para encontrar um investidor anjo:


  • a startup precisa apresentar algum tipo inovação. Pode ser um produto, serviço ou modelo de negócio inovador ou uma forma inovadora de comercialização, por exemplo;
  • o negócio deve ser escalável e não pode ser facilmente “copiável”;
  • a empresa deve ter bom potencial de crescimento e rentabilidade;
  • o mercado de atuação deve ser amplo;
  • é preciso ter um plano bem estruturado, que detalhe necessidades atuais e resultados esperados;
  • também é interessante já ter uma prova de conceito (PoC) ou Produto Mínimo Viável (MVP).

Onde encontrar um investidor anjo


Encontrar um investidor anjo pode não ser a tarefa mais simples do mundo, mas também está longe de ser uma missão impossível. Isso porque esse tipo de investidor nem sempre se autodefine como “investidor anjo”, o que dificulta, por exemplo, a busca por esse perfil no LinkedIn.


Isso significa que se você quiser encontrar um investidor anjo, precisa começar a busca pelas redes que conectam essas pessoas.


Uma delas é a Anjos do Brasil, organização sem fins lucrativos fundada em 2011 por Cassio Spina que hoje reúne mais de 400 anjos, além de uma infinidade de dados sobre investimento anjo no Brasil. O melhor de tudo? No próprio site existe um link direto para quem quer submeter um projeto para avaliação de potenciais investidores.


Outra rede interessante de investidores anjo é o Insper Angels, que tem mais de 450 investidores anjos com diversos backgrounds e é gerido por ex-alunos do Insper. Conheça os critérios de seleção para inscrever uma startup no Insper Angels.


Há também o site Curitiba Angels, que reúne mais de 80 investidores e mais de 300 projetos de startups avaliadas. Aqui o link para cadastrar o seu.


Mais um caminho é o BR Angels, associação privada sem fins lucrativos que é formada por um número limitado de associados que têm o propósito de promover o desenvolvimento de startups. As inscrições para a primeira etapa de screening da BR Angels estão abertas e você pode cadastrar sua startup clicando no link.

Outros bons sites gringos para encontrar um investidor anjo são:


Se preferir algo mais pessoal, outras duas boas maneiras são participar de eventos relacionados a startups e investidores (você pode encontrar links para eventos nos sites que indicamos ali em cima) e, o que é ainda mais pessoal, ativar sua própria rede de contatos.


Ainda que você não conheça um anjo diretamente, pode ser que alguém que já trabalhou com você tenha um contato que leve a um potencial investidor.


Como apresentar o pitch para o investidor anjo


Quando você conseguir acessar o investidor anjo e marcar a tão sonhada reunião com ele, sua apresentação – ou pitch, como é chamada a curta apresentação que os empreendedores fazem para potenciais investidores – deve estar perfeita. Confira a seguir os tópicos essenciais para o pitch ideal.


Duração


Se o tempo reservado para a reunião for de uma hora, sua apresentação não deve ultrapassar 20 minutos. Se o tempo total for mais curto, a apresentação deve ser mais curta. Em geral, é comum que o empreendedor tenha de 3 a 10 minutos para apresentar seu projeto. Lembre-se de que é preciso reservar um tempo para as perguntas do investidor.


Conteúdo


O pitch precisa responder algumas perguntas específicas sobre seu negócio.


  • Qual é o problema que o negócio se propõe a resolver?
  • Onde está a inovação? Existem competidores? Qual o seu diferencial?
  • Quem é a sua equipe e quais são suas expertises?
  • Quem são os potenciais clientes?
  • Qual é o tamanho do mercado e sua estimativa de crescimento?
  • Quais são as metas financeiras do seu negócio para os próximos 3 ou 5 anos? Quantos clientes devem ser alcançados? Qual será a taxa de conversão? Quanto tempo e quanto capital são necessários para alcançar o breakeven?
  • Em que ponto está seu produto/serviço hoje? Como será sua próxima versão? Como você pretende usar o investimento e qual percentual de participação você oferece para o investidor?


10 slides


O mais recomendado é que sua fala seja acompanhada por um PowerPoint que contenha os principais dados. Guy Kawasaki, chief evangelist do Canva, recomenda que a apresentação tenha 10 slides, no máximo. Segundo ele, o ser humano não consegue compreender mais de dez conceitos em uma reunião.


Letra 30


Outra dica de Kawasaki é construir os slides apenas com a informação principal e fonte tamanho 30. A explicação é bem interessante: se você colocar fonte tamanho 10 e escrever tudo o que pretende dizer, o público tenderá a ler a apresentação antes de você (porque pode ler mais rápido do que você pode falar) e possivelmente não estará atento ao que você diz.


Respostas prontas


Você deve pensar quais perguntas o potencial investidor pode fazer no final da apresentação para chegar com as repostas preparadas. A pior coisa que pode acontecer é você não saber fazer uma projeção de pior cenário, por exemplo, ou não conseguir fornecer um dado de mercado essencial para o seu negócio.


Brilho nos olhos


Este é o fator mais subjetivo da sua apresentação, mas é também o que mais pode fazer a diferença entre você captar – ou não – o interesse do investidor anjo. Pense bem: se fosse apenas para analisar dados, o investidor não marcaria uma reunião. Ele receberia os slides por e-mail e tudo estaria resolvido. Isso significa que neste momento o investidor que conhecer você, quer saber se você tem paixão pelo que faz, se está preparado para fazer isso acontecer. Portanto, é esta a hora de mostrar seu brilho.

Intermediação preserva relações entre anjos e startups


Encontrar um investidor anjo e manter um bom relacionamento com ele muitas vezes é o maior desafio mesmo para startups que cumprem todos os requisitos acima. O caminho até esse tipo de investidor não é simples porque estamos falando de pessoas físicas que muitas vezes têm outras ocupações.


Além disso, há outros fatores que podem complicar essa relação. Primeiramente, é preciso considerar que os anjos estão investindo seu próprio patrimônio, que nem sempre é muito volumoso e, por isso mesmo, têm uma dose extra de pressão por resultados.


Para completar, vale lembrar que o investimento anjo não é apenas financeiro. Esse investidor, como dissemos, também contribui com seu conhecimento, sua experiência e sua rede de contatos, o que pode, claro, dar muito certo, mas também tem uma grande chance de causar conflitos com os empreendedores.


Para evitar esse tipo de problema e administrar as tensões que possam atrapalhar essa relação, surge a figura do intermediador de investimento que, em geral, é uma consultoria especializada que atua com startups e sabe bem como gerenciar expectativas, frustrações e ansiedade.


A Play, por exemplo, atua na intermediação entre startups e investidores e, além de fazer a ponte entre os que buscam investimento e os que querem investir, ainda assume a responsabilidade pelo aconselhamento, mentoria e gestão da startup, desencarregando o anjo dessa função.


Ou seja, no final das contas, um intermediador como a Play atua como um “filtro” que absorve toda potencial tensão da relação entre investidor e investidos, preservando a imagem do anjo e permitindo que os empreendedores consigam manter o foco no negócio em si, sem terem de se preocupar com a administração e a resolução de conflitos.


Leia também: A importância do estudo de viabilidade financeira


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