Tudo sobre os 3 Horizontes de Inovação da McKinsey e como aplicá-los
Diante de um cenário cada vez mais incerto e complexo, a inovação se mostra não apenas como um caminho, mas uma necessidade. Sobreviver e prosperar, ao mesmo tempo, no mundo dos negócios depende de uma habilidade ímpar, e um modelo se destaca ao explorar uma visão completa: os três horizontes de inovação da McKinsey.
O conceito propõe uma estratégia para
balancear o desempenho do core business sem deixar de fomentar oportunidades emergentes e cultivar futuras perspectivas com potencial.
Ou seja, quando aplicado corretamente, esse framework mantém a competitividade da empresa no presente, ao mesmo tempo que prepara o terreno para aproveitar tendências que vão moldar o futuro dos negócios. Para isso, porém, a
classificação dos horizontes de inovação como H1, H2 e H3
traz uma abordagem individual para cada desafio.
Ao longo deste artigo, vamos apresentar a
definição dos três horizontes, detalhar o que se enquadra em cada um deles e mostrar os desafios, além dos benefícios, desse modelo. Acompanhe a leitura.

O que são os 3 Horizontes de Inovação da McKinsey?
Os horizontes de inovação representam um modelo criado pela McKinsey & Company para guiar projetos de inovação de uma empresa de forma balanceada. Dividido em três partes – H1, H2 e H3 –, o framework aborda estratégias de inovação de curto, médio e longo prazo para desenvolver negócios inovadores e sustentáveis.
Cada um dos três horizontes encara um desafio diferente, com base em suas individualidades e necessidades. Confira abaixo um resumo:
- H1: foca no
desenvolvimento do core business, com o objetivo de aprimorar e otimizar processos e produtos já existentes.
- H2: concentra esforços na
investigação e exploração de segmentos adjacentes ao core business, buscando identificar oportunidades de crescimento.
- H3: incentiva a disrupção com novos modelos de negócio e a inovação radical, adotando uma abordagem mais arriscada, porém com perspectivas exponenciais.
O conceito foi apresentado pela primeira vez no livro
A Alquimia do Crescimento
– The Alchemy of Growth: Practical Insights for Building the Enduring Enterprise, em inglês. Na publicação, Mehrdad Baghai, Stephen Coley e David White, consultores da McKinsey, destrincham um estudo, realizado de 1997 a 1999, com as 30 empresas que mais cresciam no mundo à época.
Ao tratar de diferentes
tipos de inovação, esse modelo
relaciona o potencial de ganho com o tempo necessário para alcançá-lo. O objetivo é evidenciar uma estrutura que possibilite às empresas avaliar potenciais oportunidades de crescimento sem negligenciar o desempenho no presente.
Horizontes de Inovação | Tipos de inovação | Nível de risco | Potencial de ganho | Prazo de retorno |
---|---|---|---|---|
H1 | Incremental | Baixo | Médio | Curto prazo |
H2 | Arquitetural | Médio | Alto | Médio prazo |
H3 | Radical e disruptiva | Alto | Exponencial | Longo prazo |
Mesmo com a classificação, é preciso entender que o conceito é um modelo que pode sofrer alterações. A velocidade de adoção de novas tecnologias, por exemplo, pode fazer uma iniciativa tida como H3 entregar retorno a médio prazo. Por isso, combinando os tipos de inovação e os horizontes – com seus prazos de retorno – é possível criar uma visão muito interessante para gerenciar o portfólio da empresa olhando para o curto, médio e longo prazo
Abaixo, você confere a explicação detalhada de cada um dos horizontes de inovação.
Inovação no Horizonte 1 (H1): desenvolvendo e aprimorando o core business
Se refere ao aprimoramento da operação existente com a meta de torná-la mais eficiente e sustentável. Tratar do core business significa maximizar sua rentabilidade e potencializar o desempenho de produtos, serviços e processos que já geram receita para a companhia.
Nesta etapa, a
inovação incremental é protagonista. Melhorias contínuas na eficiência operacional, na qualidade do produto e na experiência do cliente, por exemplo, devem entregar resultados de curto prazo, limitados, mas com baixo risco envolvido.
A BIC é um exemplo claro de explotação dentro do core business. No mercado há mais de 60 anos, a empresa investiu para tornar suas canetas esferográficas cada vez melhores,
mantendo o produto competitivo e relevante
para o consumidor.
O mais recente
case de inovação da Havaianas, desenvolvido junto à
Play Studio, também representa bem a inovação incremental. Ao criar um aplicativo de personalização de chinelos, desenvolvemos uma nova fonte de receita e aprimoramos a experiência do cliente através da tecnologia, inaugurando uma avenida de crescimento ainda inexplorada pela marca.
É importante ressaltar que, mesmo sendo tido como o elemento mais conservador entre os horizontes, o H1 é fundamental. Sem isso, torna-se quase impossível que a empresa
consiga fôlego no presente para explorar o futuro.
Inovação no Horizonte 2 (H2): explorando novos negócios emergentes
Uma vez que o negócio principal da companhia esteja sendo aprimorado, é hora de explorar novas oportunidades. Ao invés de investir diretamente no core business, inovações do H2 miram em novos produtos, serviços, tecnologias e mercados adjacentes, mas que se relacionam com o core.
Essa etapa intermediária da estrutura exige uma
abordagem flexível e adaptável para enfrentar
mais incertezas e riscos maiores. No entanto, ao investir na inovação arquitetural, a empresa se prepara para se diferenciar em meio a um futuro aumento de competitividade em seu segmento e até para a mudança de comportamento do consumidor.
Essas inovações, muitas vezes,
aproveitam a marca, a tecnologia, a infraestrutura, o conhecimento de mercado e a base de clientes já estabelecidos. Em alguns casos, pode até vir a se tornar o core business da corporação a médio ou longo prazo.
Serviços inovadores como Uber Eats e o Google Maps são exemplos famosos que se enquadram nesta etapa. Fruto da exploração de
segmentos próximos ao core da organização-mãe – Uber e Alphabet, respectivamente –, se desenvolveram para atender a necessidades diferentes e se tornaram partes relevantes em suas hierarquias.
Além destes, também podemos citar
outros 4 exemplos de inovação no H2:
- Amazon Web Services: aproveitou sua infraestrutura de tecnologia e a expertise com seu marketplace para lançar serviços e infraestrutura de TI em nuvem para outras empresas.
- Airbnb Experiences: utilizou a influência no mercado de hospedagem e a relação com anfitriões para vender serviços de guias de viagem pelo mundo.
- LinkedIn Learning: capitalizou sua relevância para penetrar no mercado de educação corporativa.
- Tesla Energy: estendeu o conhecimento tecnológico de baterias automotivas para o ramo de energia solar com produtos como Powerwall e Solar Roof.
Inovação no Horizonte 3 (H3): disrupção de negócios muito além do core business
Por fim, mas não menos importante, o horizonte 3 envolve a experimentação de possibilidades completamente novas e disruptivas. Trata-se da busca por algo que possa revolucionar o segmento ou mesmo criar um novo mercado, categoria de produtos ou serviços, tecnologias e até modelos de negócio. Ou seja, de grande impacto para o futuro.
O
potencial de ganho exponencial é a característica mais chamativa do H3, assim como o
alto nível de risco e de incertezas. Da mesma forma, também exige mais investimento em relação aos outros horizontes e, principalmente,
tempo para a validação
de novas ideias até o patamar de negócios reais.
Algumas características que balizam a cultura de inovação, como alta tolerância ao erro, aceitação do fracasso e foco no aprendizado são indispensáveis para inovar no H3. Mais do que acertar de primeira, o objetivo deve ser
desbravar novos mercados, investigar caminhos e testar alternativas. Só assim será possível encontrar sua ideia de ouro.
A ‘explosão’ das inteligências artificiais em 2023, guiada pelo sucesso da OpenAI, mostra o quão importante pode ser uma revolução deste nível. Fundada em 2015, a empresa levou quase oito anos para lançar o ChatGPT, e logo viu ele se tornar o app com o crescimento mais rápido da história:
100 milhões de usuários em apenas dois meses.
O sucesso da OpenAI ameaçou até o gigante Google, que logo se movimentou para acompanhar a nova tendência. Entretanto, muito antes disso, a Microsoft já havia se antecipado e investido mais de US$1 bilhão na empresa dona do ChatGPT. Agora, aproveita para encurtar caminhos integrando a inteligência artificial aos seus serviços.
Bem longe de seu core business, o Google também investe pesado na disrupção com sua divisão de carros autônomos, a
Waymo. Criada em 2009, é considerada líder no desenvolvimento de tecnologias de direção autônoma e avaliada em mais de US$30 bilhões. O valor ainda é pouco representativo frente aos mais de US$1,5 trilhão capitalizados pela Alphabet, mas dá sinais de que a companhia já pensa em um futuro muito além do mercado de mídia.
Os desafios de uma abordagem completa para os horizontes da McKinsey
Por se tratarem de três vertentes diferentes, é comum que as corporações tradicionais optem por um ou outro caminho. Isso é um erro. O modelo dos horizontes da McKinsey serve como ferramenta para análise e tomadas de decisão, mas deve balizar investimentos entre os três H’s.
É claro que nem todas as empresas têm uma estrutura para comportar investimentos bilionários no H3 como o Google e a Tesla, mas isso não significa que é preciso deixá-lo de lado.
As organizações com uma visão mais conservadora precisam, ao menos, estudar e conhecer diferentes mercados e possibilidades. Mesmo que o aporte mais alto seja feito no aprimoramento do core business, a empresa pode se preparar para a disrupção do seu segmento explorando aos poucos.
Casos como o da Xerox, Blockbuster e Kodak indicam que mesmo líderes de mercado podem ruir em alguns anos.
Inovar em modelos de negócio, introduzir tecnologias e testar produtos e serviços com viés de inovação
é uma exigência para conter riscos de longo prazo, não mais um diferencial.
A importância da ambidestria organizacional para o equilíbrio entre os três horizontes
A habilidade de balancear as capacidades de inovação e o seu portfólio é essencial. As corporações que dominam a ambidestria organizacional compreendem a relação entre o risco e a oportunidade para construir um futuro brilhante através disso.
Empresas ambidestras são aquelas que conseguem equilibrar o aprimoramento do seu core business, mas que não deixam de lado as possibilidades de futuro. A brasileira Ambev foi uma das primeiras a entender isso.
Desde 2018, a companhia intensificou seu processo de transformação digital, aumentando em 50% os investimentos em inovação. Hoje, já colhe frutos dessa decisão. Cerca de
20% do faturamento é gerado por produtos e projetos que não existiam há pelo menos três anos.
A criação de novos negócios a partir de uma grande corporação também é uma tendência nos Estados Unidos e Europa. Gigantes dos mais diferentes segmentos investem em
Corporate Venturing para desenvolver suas próprias ventures de olho nas perspectivas de futuro.
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