Corporate Joint Venture, Joint Venture corporativo ou apenas Joint Venture (JV) é um conceito cada vez mais comum entre as grandes empresas, independentemente do porte ou segmento. A estratégia criada como forma de alavancar lucros, expandir mercado, ganhar competitividade ou até solucionar problemas complexos, no entanto, não é novidade.
Parcerias deste tipo entre corporações acontecem desde a década de 1920, nos Estados Unidos. No entanto, foi a partir de 1979, com uma
JV envolvendo companhias aéreas para interligar a China aos Estados Unidos, que o modelo passou a ganhar maior repercussão.
Sua rápida popularização no mundo dos negócios não foi à toa, já que os benefícios de fechar um Joint Venture corporativo são inúmeros. Entre eles, destacam-se as possibilidades de dividir os riscos e custos de uma operação, além de compartilhar o conhecimento entre empresas.
Também utilizadas em iniciativas de
Corporate Venture Building, as JVs funcionam como uma
estratégia de inovação. Ao unir duas – ou mais – companhias, torna-se possível
acelerar ideias inovadoras e aumentar o potencial de superar desafios disruptivos. Mas como isso acontece na prática?
Ao longo deste artigo, explicaremos o conceito de Joint Venture e como esse modelo se relaciona com a inovação nas companhias, mostrando suas vantagens, desvantagens e alguns exemplos. Siga a leitura.
A tradução literal do termo em inglês – Joint Venture – significa “união de risco”. Na prática, se refere a um acordo no qual duas ou mais empresas concordam em unir seus recursos para atingir um objetivo em comum.
Esse objetivo pode ser um projeto pontual de expansão, o
go-to-market de um novo produto ou mesmo um desafio de logística, de tecnologia ou comercial. A possibilidade de
unificar esforços e dividir riscos para superar um obstáculo pode atender a diferentes necessidades de uma corporação.
Por definição, um acordo de Joint Venture geralmente é assinado quando alguma das empresas comprometidas não tem o conhecimento necessário para a nova empreitada ou quando o risco é muito alto para ser suportado por apenas uma companhia. Além disso, também são
compromissos menos complexos e mais ágeis que os
M&As – fusões e aquisições – , por exemplo.
Em geral, as JVs podem ser associadas a dois formatos:
Em 2001, a Sony e a companhia sueca Ericsson anunciaram a formação de uma Joint Venture com o propósito de reverter o cenário ruim de vendas de celulares. Assim, surgiu a Sony Ericsson.
À época, a Sony já era um dos grandes players do segmento de eletrônicos, mas ainda não conseguia aumentar seu market share em um mercado promissor. A Ericsson, por sua vez, detinha 7% do share global de celulares.
O objetivo em comum era
aumentar a representatividade das marcas no segmento de dispositivos móveis. Assim, juntou-se o know-how da empresa sueca em softwares ao potencial de hardwares da japonesa.
A nova marca apostou na
inovação de produtos, integrando novas câmeras digitais e diversos recursos multimídia ainda pouco comuns em aparelhos naquele período. Os softwares mobile da Ericsson – em um momento anterior à dominância de iOS e Android – também foram um diferencial para o sucesso da JV. A
receita da nova empresa cresceu 200% entre 2002 e 2007, mas acabou perdendo força com o lançamento do iPhone, da Apple.
Em 2012, a Sony
adquiriu a participação da parceira por 1,47 bilhão de dólares, deu fim à marca e a renomeou como Sony Mobile Communications para criar novas linhas de dispositivos móveis.
Existem vantagens e desvantagens ao fechar um contrato de Joint Venture corporativo. É fundamental que o tipo de parceria seja alinhado e as expectativas de todos os envolvidos sejam colocadas na mesa.
Cada uma das companhias
deve agregar de forma satisfatória
para que o objetivo seja alcançado, por isso é fundamental que as empresas
tenham competências e atuações complementares.
As premissas permitem que todas as partes envolvidas estejam a par dos riscos e também dos benefícios do Joint Venture. Entre eles, destaca-se o potencial de a parceria funcionar
como um acelerador de negócios, aumentando a produtividade e gerando maiores lucros, além de propiciar vantagens como:
A BMW se juntou à montadora chinesa Brillance Auto Group, em 2003, para criar uma nova Joint Venture corporativa: a BMW Brillance Automotive (BBA). A parceria foi desenhada para viabilizar a venda de veículos da marca alemã em território chinês, uma vez que as leis do país exigem que as operações de fabricação estrangeiras tenham pelo menos 50% de participação de uma empresa local.
Em 2022, a BMW revelou que a consolidação da BMW Brillance foi substancial para o aumento de receita da companhia no primeiro trimestre. Os dados mostram que a JV foi
responsável por 3,3 bilhões de euros – mais de R$15 bilhões – em receitas durante o período.
Quando jogamos em time, as nossas chances de ganhar são muito maiores. Até mesmo Albert Einstein precisou de uma contribuição externa para aprimorar seus conhecimentos.
Segundo o livro "Os Erros de Einstein: as falhas humanas de um gênio", de Hans Ohanian, a derivação do grande físico da famosa equação E=mc² continha vários erros. Foi somente em 1911 que outro cientista, Max von Laue,
desenvolveu uma prova completa e correta.
Sendo assim,
contar com parceiros que fortalecem os lados mais enfraquecidos pode ser uma ótima estratégia de negócios – e nem os maiores gênios podem abrir mão disso.
Abaixo, listamos alguns outros exemplos de Joint Venture.
A gigante em softwares e análise de dados SAS anunciou a parceria com o Microsoft Azure em Fevereiro de 2020.O principal objetivo da Joint Venture era a criação de um sistema de resposta a desastres naturais, incluindo inundações de furacões.
O projeto visa especificamente a cidade de Cary, Carolina do Norte (EUA), onde a SAS está sediada, usando a internet das coisas (IoT) do Azure
para modernizar a resposta às enchentes da cidade.
Tarefas que antes eram manuais, como avisar as autoridades locais sobre chamados e encontrar novas soluções para desastres em outras áreas propensas a inundações, incluindo cidades próximas, passaram a ser automatizadas.
“As cidades inteligentes e a tecnologia IoT vão impulsionar o futuro da forma como operamos dentro do município, e estou empolgada por fazer parte de uma comunidade que abraça os dados”, afirmou Nicole Raimundo Coughlin, diretora de informações da cidade de Cary, na época do anúncio da parceria.
O Azure permitiu a comunicação entre ferramentas de prevenção de enchentes, como pluviômetros, enquanto os recursos analíticos da SAS adicionaram dados históricos e em tempo real.
A Nascar, que interrompeu as corridas com o início da pandemia, rapidamente recorreu ao programa online de esportes a motor iRacing para produzir uma versão simulada de seu cronograma de corridas.
A eNASCAR iRacing Pro Invitational Series
replicou as pistas e corridas que foram canceladas. O resultado foi impressionante:
mais de 900 mil pessoas assistiram simultaneamente à corrida virtual, em março de 2020.
O recorde quebrado pela Nascar, era do jogo Mortal Kombat, que alcançou 770 mil visualizações em um torneio em 2016. A transmissão deu tão certo que a Nascar e a iRacing
renovaram a parceria até 2023.
A gigante dos calçados confortáveis teve um ótimo momento financeiro em 2020 e 2021, quando as pessoas abraçaram o conforto da cabeça aos pés durante a pandemia. Os registros mostraram um aumento de 67% na receita anual da companhia.
O crescimento acelerado se deu, também, pelas parcerias estratégicas.
Em 2020, nomes de artistas e celebridades como Post Malone, Vera Bradley, Yang Mi, The Greatful Dead, marcas como o KFC fizeram parte da lista de
collabs da Crocs.
As colaborações permitiram à empresa norte-americana
reinventar seus sapatos de resina de espuma e colocar no mercado modelos inusitados
– desde os que brilham no escuro (Bad Bunny) até opções com pingentes
com aroma de frango frito.
A estratégia também ajudou a estreitar os laços com os consumidores,
reintroduzindo a marca para diferentes públicos através dessas parcerias.
A associação com as marcas deu certo, e o lançamento – um pouco estranho – entre KFC e Crocs
esgotou em poucos minutos.
Embora as grandes empresas tenham acesso a recursos – pessoas, infraestrutura, capital e etc. – necessários para promover e gerir a inovação, o processo pode ser facilitado ao atuar em conjunto com outra companhia.
Em 2021, a revista Forbes publicou o artigo
"Innovation is a team sport", no qual descreve algumas regras para ‘jogar o jogo da inovação’ através de parcerias.
As Joint Ventures podem acelerar o potencial de inovação graças às operações compartilhadas e o conjunto complementar de soluções que, sem a parceria, dificilmente estariam disponíveis para as companhias envolvidas sem investimentos ou riscos significativos.
No Brasil, a Beam Suntory, terceira maior companhia de destilados do mundo, contou com
a Play Studio para direcionar uma estratégia de inovação que levou
à criação da JV Drinksquad, desenvolvida junto ao Víssimo Group, maior varejista de vinhos do país.
O desafio era conectar a fabricante a um público que, cada vez mais, desejava consumir destilados premium em casa. Uma parceria com o e-commerce Evino permitiu a criação da Joint Venture e, desde junho, a Drinksquad entrega marcas icônicas como Jim Beam e Maker’s Mark em todo o Brasil.
Quer saber mais?
Acesse o case completo e leia mais sobre como a Play ajudou a desenvolver o projeto de JV entre Evino e Beam Suntory.
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